Perguntas frequentes

Quando começar a usar e até quando continuar usando?

Os slings podem ser usados desde que a criança sai do útero. Você pode usar como saída de maternidade!
Quanto mais cedo começar a usar, melhor.
Método "Mãe Canguru"

Você poderá usar seu sling até quando conseguir. A maioria das pessoas aposenta o sling quando a criança tem por volta dos 2 aninhos de idade, mas vai depender mesmo do peso de cada bebê. A maioria das mães suporta  algo em torno dos 15, mas o sling é feito para suportar até 20 quilos. As argolas, particularmente, suportam 700 quilos cada (nylon). Parece muito, e parece desnecessário, mas não é só uma questão de peso. Precisam suportar choques térmicos, impactos, e não só durante os primeiros usos, mas durante anos. Lembre-se de que a vida útil de um sling é bastante longa, se compararmos a outros acessórios feitos para crianças. E temos conhecimentos de slings fabricados por nós que já serviram para um bebê, para o irmãozinho que nasceu depois e ainda será doado por que está lá firme e forte.

Não faz mal à coluna do bebê? Eles parecem tão tortinhos no sling!


Na verdade, o sling devolve a criança à posição fetal, que é bastante fisiológica principalmente nos primeiros 9 meses de vida ( exterogestação). Observe a curvatura dos bebês conforto: são projetados para respeitar a anatomia do bebê. A coluna deles deve ficar em forma de “c”. Mas atenção: a criança de forma alguma pode ficar embolada a ponto do queixo encostar no peito dela. Isso pode dificultar a respiração do bebê. Inclusive, quando observamos aqueles carregadores que sofreram recall nos EUA (aqui ficaram conhecidos como o sling da Cláudia Leite), eles são perigosos justamente por ficarem muito embaixo. Assim a criança "embola" demais, e o pior é que fica longe do olhar do adulto. Sobre este assunto, participamos de uma entrevista com o repórter Aerton Guimarães para a TV Brasília. Assista aqui: reportagem TV Brasília




O sling facilita a vida do adulto sim, mas não retira dele a responsabilidade de observar atentamente o bebê. Inclusive, se estamos falando sobre attachment parenting, então estamos falando de uma relação entre bebê e o adulto. O sling promove esta interatividade. Quem opta por não aderir a este contato com a criança geralmente não vê sentido em se usar o sling.

E as perninhas do bebê? Não ficam doendo, dependuradas ou muito abertas?

A posição correta das perninhas do bebê dentro do sling é bastante confortável. Quando pequeninos, cabem dentro do sling interinhos, e ficam bem encolhidinhos, como no útero. À medida em que crescem, podem ficar na posição “Buda”, que também é bem confortável desde que acriança ainda não ande.
Posição "Buda"

Sentadinhos, “escanchados”, com as pernas bem separadas em volta do corpo do adulto e o tecido bem atrás da dobrinha do joelho, o peso fica bem no bumbum. É uma posição extremamente relaxante, a mesma posição em que os bebês que nascem com luxação congênita do quadril ficam até melhorarem (as crianças que nascem com este problema devem ter acompanhamento do ortopediatra, o sling não é indicado para corrigir a doença, salvo por orientação médica.) 
Ilustração da correção da luxação congênita do quadril por meio (Suspensório de Pavilik). Fonte:

É, portanto, uma posição benéfica, e coincide com a maneira exata com que a maioria dos adultos carregam as crianças, com ou sem sling.
Angelia Jolie


Quem inventou o sling?

Quem inventou o sling foi o instinto maternal de ter a criança pequena junto de si. O sling está presente nas mais diversas culturas, desde a antiguidade.

Um médico chamado Rayner Garner diz ter “inventado” um sling inspirado no modo como as mulheres do Hawai carregam seus filhos, numa espécie de canga. 

Tentou usar o canguru tradicional, mas percebeu que o modelo que tinha não era confortável. Após várias tentativas, conseguiu confeccionar um modelo de tecido suave e forte, ajustável com argolas (diz a “lenda” que foram retiradas do cinto dele); e posteriormente teria vendido a idéia para um certo Dr Sears, autor de diversos livros sobre attachment parenting e que difundiu o produto.

E o ombro do adulto, não dói? Não força a nossa coluna?

Depende da capacidade de cada pessoa. Normalmente, se a pessoa sente dor no ombro ou nas costas, é sinal que o sling está mal colocado. A "ombreira" do sling não deve subir até o pescoço do adulto, deve sempre estar bem espalhada. Por isso, quanto mais larga a ombreira, mais confortável será.

Muita gente pergunta se é melhor a ombreira do sling acolchoada ou não. Bem, é claro que o acolchoado é fofinho e agradável! Mas em momento algum ele tira o peso do bebê, que é o que iria realmente fazer diferença. Por isso, depois de usar exaustivamente meus slings com um garotão de 3 anos (até ficar grávida novamente e dar um tempinho,rs), percebi que o sling com a ombreira BEM larga espalha melhor o peso (afinal, o peso é que é o problema) entre os ombros e as costas. E quanto menos pano dobrado no ombro, melhor! Fica adica para quem está fuçando nosso blog para aprender alguns macetes e fazer seu próprio sling, kkk! Não tem problema, tá?
Tanto é assim que que os slings tipo pouch e tipo wrap, que não tem argolas e portanto nenhuma costura no lugar do ombro, são tão confortáveis e não passa pela cabeça das pessoas acolchoar as ombreiras destes tipos de sling. Simplesmente não precisa, são largas! Então, fazemos os slings de argolas com ombreiras largas também, ora essa. Pronto, resolvido.

Angelia Jolie com sling sob o músculo trapézio: isso deve doer!

Adriane Galisteu em seu casamento: o sling estava muito baixo, pode causar dor nas costas. 


Brooke Shields: tecido mais espalhado no ombro é melhor!

 


Será que tanta proximidade não vai estragar o bebê?

Sobre isto, temos  um post antigo, mas bem pontual: meu filho só quer colo!

Fico imaginando por que as pessoas adultas necessitam de tanto tempo para se adaptar a um novo emprego, uma nova casa, uma nova condição financeira, um casamento... e por que cargas dágua querem que um recém nascido já nasça adaptado ao mundo dos adultos! E para acelerarem o processo, dá-lhes (aos pequenos) a distância!
O bebê recém nascido passou 100% da sua existência acolhido e aconcehgado no útero, e ao nascer ele precisa desta continuidade com a mãe ou cuidador. Isto se chama exterogestação. O bebê humano não nasce pronto. Demora aproximadamente um ano para andar e começar a falar, diferente de outros animais que andam até mesmo nas primeiras horas. Mas os seres humanos entenderam que o bebê precisa se adaptar o mais rápido possível ao mundo aqui fora, e a nossa cultura apressada e imediatista entendeu que eles precisam se virar o quanto antes.
Felizmente, a grande maioria das mães e pais deixam de acreditar que os bebês podem chorar "até aprenderem". E aceitam que o estado de dependência da criança é um estágio natural e precisa ser respeitado para que se possa, ao seu próprio tempo, ser superado. De maneira natural, gradual, e afetiva para que a independência seja efetiva.
Muitas pessoas (nas palestras, nos e-mails, nos telefonemas, nas entregas) me falam sobre uma verdadeira angústia que sentem: o desejo de acalentar seus filhos e um verdadeiro pânico de estarem fazendo a eles algum mal. Sem contar com o receio de ouvir críticas e comentários do tipo: "seu filho vai a vida toda mandar em você, vai ficar mimado, insuportável, grudento", etc. Como se a  "carência" do bebê fosse um defeito de caráter. Imagine só. Experimente não suprir esta carência, que é legítima, digna de atenção e respeito e você saberá o que é uma criança insuportável e infeliz. É impossível suprir a carência com ausência. É o mesmo que querer acabar com a fome por meio do jejum. E a necessidade de contato, do calor, do carinho para a criança ( e para os adultos, por que não?) é tão legítima quanto a necessidade de se alimentar.


Existem crianças que não gostam/ não se adaptam ao sling?

Talvez, não duvido. Mas o que eu mais vejo são adultos que não curtem a ideia de terem o bebê muito junto de si. Isto é uma coisa muito particular.

Existem muitos relatos internet afora de pessoas dizendo "meu filho não se adaptou: tentei usar este tal de sling umas três vezes e toda vez meu filho chora". Nas palestras já encontrei pessoalmente inúmeras pessoas com um sling nas mãos, tristes por conta do investimento feito "em vão". Observei, em vários casos, os seguintes aspectos:
  • O sling era muito fora dos padrões, ficando desconfortável para o adulto (ombreira muito estreita ou com muita dobra de tecido sobreposto é o mais comum). Se sentindo desconfortável, o adulto não relaxa e a criança percebe. Consequentemente, não relaxa também. Percebe a alteração de comportamento do adulto na hora e reage com inquietude, choro, etc.
  • O sling era feito com tecidos desconfortáveis, sintéticos, grossos.
  • O sling estava mal ajustado.
  • O adulto estava inseguro.
  • Estava muito calor e/ou a criança estava muito vestida, com sobreposições de roupas ou roupinhas cheia de apliques, costuras grossas, elásticos apertados, sapatos, etc; tornando a posição dentro do sling desconfortável.
  • A criança estava com fome, e ao sentir o cheiro da mãe, ficava com muita vontade de mamar e chorava.
  • A criança estava com sono, o adulto falava muito alto e o ouvido do bebê encostava no tórax do pai/mãe e o bebezinho queria dormir e não conseguia.
  • O adulto estava muito tenso e a criança percebia pelos batimentos cardíacos do adulto.
  • A criança não estava com vontade de ficar na posição em que o adulto a colocava. Normalmente, a criança vai crescendo e ficando muito esperta, não quer ficar, por exemplo, deitada no colo com o rosto virado para o teto. Bastava mudar de posição para sentadinha que logo ficava tudo ok.
  • A criança, naquele momento, não estava com vontade de ficar ali. O que não significa que jamais, em nenhum outro momento, ela venha a querer. Por exemplo: eu amo sorvete de chocolate. Mas se eu for à sua casa agora e você me oferecer, eu não vou querer por que acabei de almoçar e comer um pavê de sobremesa. Não significa que eu não goste de sorvete de chocolate. Significa que agora eu não quero. Quem sabe amanhã ou depois?
  • O adulto ficou realmente muito frustrado por que colocou muita expectativa no sling e quando foi usar, viu que não se tratava de nenhum objeto mágico, capaz de eliminar em um passe de mágica todas as cólicas, todas as birras, todos os choros... não foi tão mágico como pensava, e precipitadamente concluiu que o bebê não se adaptou ou que o sling é algo realmente muito difícil de usar. Não entendeu que a grande sacada do sling é a sua simplicidade, que, infelizmente, nossa cultura perdeu.
  • O sling é estar próximo um do outro. Isto é criar vínculo, se conhecer. Algo que se constrói aos poucos. Algumas pessoas demoram mais, outras menos a conhecer as reações e necessidades do filho. Você pode ter 10 filhos que esta comunicação, este vínculo, nunca serão idênticos em todas as situações. Paciência é a primeira lição que cada pai e cada mãe é convidado a aprender.